Na semana passada postamos aqui no blog a cena da Torre da Alegria em HQ, esta uma parte muito importante tanto no livro quanto na série e que nos ajuda a entender alguns acontecimentos. Hoje trouxemos o trecho do livro em que narra essa história. Acreditamos ser uma boa oportunidade para quem ainda não leu, confira!
Sonhou um sonho antigo, sobre três cavaleiros de manto
branco, uma torre há muito caída e Lyanna em sua cama de
sangue.
No sonho, os amigos cavalgavam com ele, como o tinham
feito em vida. O orgulhoso Martyn Cassei, pai de Jory; o fiel
Theo Will; Ethan Glover, que fora escudeiro de Brandon; Sor
Mark Ryswell, de fala mansa e coração gentil; o cranogmano,
Howland Reed; Lorde Dustin, no seu grande garanhão
vermelho. Ned conhecera tão bem o rosto de cada um deles
como conhecia o seu, mas os anos sugam as memórias de um
homem, mesmo aquelas que ele jurou nunca esquecer. No
sonho, eram apenas sombras, espectros cinzentos montados
em cavalos feitos de névoa.
Eram sete, enfrentando três. No sonho, tal como acontecera
na vida. Mas aqueles três não eram homens comuns.
Esperavam defronte da torre redonda, com as montanhas
vermelhas de Dorne às suas costas e os mantos brancos
ondulando ao vento. E esses três vultos não eram sombras;
seus rostos eram claros como brasas, mesmo agora. Sor
Arthur Dayne, a Espada da Manhã, tinha um sorriso triste
nos lábios. O cabo da grande espada chamada Alvorada
espreitava-o por sobre o ombro direito. Sor Oswell Whent
apoiava-se no joelho, afiando sua lâmina com uma pedra de
polir. O morcego negro de sua Casa estendia as asas sobre o
elmo esmaltado de branco. Entre os dois, erguia-se o velho e
feroz Sor Gerold Hightower, o Touro Branco, Senhor
Comandante da Guarda Real.
- Procurei-os no Tridente - disse-lhes Ned.
- Não estávamos lá - respondeu Sor Gerold.
- Seria uma aflição para o Usurpador se tivéssemos estado -
continuou Sor Oswell.
- Quando Porto Real caiu, Sor Jaime matou o vosso rei com
uma espada dourada, e eu me pergunto onde estariam.
- Longe - disse Sor Gerold -, caso contrário, Aerys ainda
possuiria o Trono de Ferro e o nosso falso irmão estaria
ardendo nos sete infernos.
- Eu vim a Ponta Tempestade para levantar o cerco - disselhes
Ned -, e os senhores Tyrell e Redwyne baixaram os
estandartes, e todos os seus cavaleiros dobraram os joelhos
para nos jurar fidelidade. Tinha certeza de que os encontraria
entre eles.
- Nossos joelhos não se dobram facilmente - disse Sor Arthur
Dayne.
- Sor Willem Darry fugiu para Pedra do Dragão, com a sua
rainha e o Príncipe Viserys, Pensei que pudessem ter velejado
com ele.
- Sor Willem é um homem bom e leal - disse Sor Oswell.
- Mas não pertence à Guarda Real - fez notar Sor Gerold.
- A
Guarda Real não foge.
- Nem ontem, nem hoje - confirmou Sor Arthur, e preparou o
elmo.
- Fizemos um juramento - explicou o velho Sor Gerold.
Os espectros de Ned puseram-se ao seu lado, com espadas
fantasmagóricas nas mãos. Eram sete contra três.
- E hoje começa - disse Sor Arthur Dayne, a Espada da
Manhã. Desembainhou Alvorada e a segurou com ambas as
mãos. A lâmina era pálida como vidro leitoso, viva de luz.
- Não - disse Ned com tristeza na voz. - Hoje termina - no
momento em que eles atacaram juntos numa confusão de aço
e sombras, pôde ouvir Lyanna gritar.
- Eddard! - ela chamou. Uma tempestade de pétalas de rosa
soprou através de um céu riscado de sangue, azul como os
olhos da morte.
- Lorde Eddard - Lyanna chamou de novo.
- Prometo - sussurrou ele. - Lya, prometo...
- Lorde Eddard - ecoou a voz de um homem, vinda da
escuridão.
Gemendo, Eddard Stark abriu os olhos. O luar escorria
através das altas janelas da Torre da Mão.
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