03/07/2016

Trecho do livro - A Torre da Alegria

Na semana passada postamos aqui no blog a cena da Torre da Alegria em HQ, esta uma parte muito importante tanto no livro quanto na série e que nos ajuda a entender alguns acontecimentos. Hoje trouxemos o trecho do livro em que narra essa história. Acreditamos ser uma boa oportunidade para quem ainda não leu, confira!


Eddard

Sonhou um sonho antigo, sobre três cavaleiros de manto branco, uma torre há muito caída e Lyanna em sua cama de sangue.

 No sonho, os amigos cavalgavam com ele, como o tinham feito em vida. O orgulhoso Martyn Cassei, pai de Jory; o fiel Theo Will; Ethan Glover, que fora escudeiro de Brandon; Sor Mark Ryswell, de fala mansa e coração gentil; o cranogmano, Howland Reed; Lorde Dustin, no seu grande garanhão vermelho. Ned conhecera tão bem o rosto de cada um deles como conhecia o seu, mas os anos sugam as memórias de um homem, mesmo aquelas que ele jurou nunca esquecer. No sonho, eram apenas sombras, espectros cinzentos montados em cavalos feitos de névoa.

Eram sete, enfrentando três. No sonho, tal como acontecera na vida. Mas aqueles três não eram homens comuns. Esperavam defronte da torre redonda, com as montanhas vermelhas de Dorne às suas costas e os mantos brancos ondulando ao vento. E esses três vultos não eram sombras; seus rostos eram claros como brasas, mesmo agora. Sor Arthur Dayne, a Espada da Manhã, tinha um sorriso triste nos lábios. O cabo da grande espada chamada Alvorada espreitava-o por sobre o ombro direito. Sor Oswell Whent apoiava-se no joelho, afiando sua lâmina com uma pedra de polir. O morcego negro de sua Casa estendia as asas sobre o elmo esmaltado de branco. Entre os dois, erguia-se o velho e feroz Sor Gerold Hightower, o Touro Branco, Senhor Comandante da Guarda Real.

- Procurei-os no Tridente - disse-lhes Ned.

- Não estávamos lá - respondeu Sor Gerold. - Seria uma aflição para o Usurpador se tivéssemos estado - continuou Sor Oswell.

- Quando Porto Real caiu, Sor Jaime matou o vosso rei com uma espada dourada, e eu me pergunto onde estariam.

- Longe - disse Sor Gerold -, caso contrário, Aerys ainda possuiria o Trono de Ferro e o nosso falso irmão estaria ardendo nos sete infernos.

- Eu vim a Ponta Tempestade para levantar o cerco - disselhes Ned -, e os senhores Tyrell e Redwyne baixaram os estandartes, e todos os seus cavaleiros dobraram os joelhos para nos jurar fidelidade. Tinha certeza de que os encontraria entre eles.

- Nossos joelhos não se dobram facilmente - disse Sor Arthur Dayne.

 - Sor Willem Darry fugiu para Pedra do Dragão, com a sua rainha e o Príncipe Viserys, Pensei que pudessem ter velejado com ele.

- Sor Willem é um homem bom e leal - disse Sor Oswell. - Mas não pertence à Guarda Real - fez notar Sor Gerold.

- A Guarda Real não foge. - Nem ontem, nem hoje - confirmou Sor Arthur, e preparou o elmo.

- Fizemos um juramento - explicou o velho Sor Gerold. Os espectros de Ned puseram-se ao seu lado, com espadas fantasmagóricas nas mãos. Eram sete contra três.

- E hoje começa - disse Sor Arthur Dayne, a Espada da Manhã. Desembainhou Alvorada e a segurou com ambas as mãos. A lâmina era pálida como vidro leitoso, viva de luz.

 - Não - disse Ned com tristeza na voz. - Hoje termina - no momento em que eles atacaram juntos numa confusão de aço e sombras, pôde ouvir Lyanna gritar.

 - Eddard! - ela chamou. Uma tempestade de pétalas de rosa soprou através de um céu riscado de sangue, azul como os olhos da morte. - Lorde Eddard - Lyanna chamou de novo.

 - Prometo - sussurrou ele. - Lya, prometo...

- Lorde Eddard - ecoou a voz de um homem, vinda da escuridão. Gemendo, Eddard Stark abriu os olhos. O luar escorria através das altas janelas da Torre da Mão.

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